Molde do destino

Na sombra da cruz
Perdi o meu amor
E espreitava o horizonte
Como quem nada quer

Na sombra da cruz
Foi-se embora toda verdade
E espreitava a terra
Como quem vislumbra nela o princípio

Na sombra da cruz
Forjei meu coração
E espreitava a fornalha
Como meus sentimentos que se formavam

A fogo e ferro
Implorando ao destino
Um pouco de razão

Na sombra da cruz
A fumaça desceu aos reinos

E jamais subiu aos céus
E tomando as dores dos meus olhos
Cegaram-nos por misericórdia

Na sombra da cruz
As cinzas subiram ao firmamento

E jamais o pó desceu a terra
E tomando as dores do meu corpo
Sufocaram-no por misericórdia

Na fornalha da alma
O destino é o ferreiro
Que se põe a fabricar corações

A fogo e ferro
Suor e sangue
A indústria da vida
Regida pelo tempo
Por si só esquecida
À sombra da cruz

Na sombra da cruz aguardava
Não que soubesse o que fosse
Não que me aliviasse as dores

...Mas aguardava...
...Apenas aguardava...

Talvez para ver tristemente
As lágrimas que rolavam dos olhos
Buscando seu encontro com a terra
Descendo solenes, dançando com o vento
E despedaçando meu coração de ferro

Talvez para ver o último raio de sol
Sol que se punha no horizonte
Desaparecia da minha vista
E com ele se foi a última imagem

A sombra da cruz
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