Mais um fragmento de cousas inúteis

"A morte: há um vazio na existência que precede, na existência que está, na existência em definhamento... O vazio absoluto convoca a presença absoluta e, junto a ela, vem a dor que oprime, que sufoca, que nos desfaz.
Eu mesmo: não há dor em se desfazer. Desfazer-se é uma conseqüência do mistério que há nas sombras tempestuosas, do mistério que reside em mim, sobrevivente de uma espécie decadente que acumula entropia cada vez que sente a necessidade pulsante de amar algo. A dor não vem no momento em que o ser acumula a máxima entropia e se desintegra; a dor vem dos momentos que precedem este instante... Há dor por que contemplamos o infinito e não estamos prontos para ele... Há dor por que esse infinito nos obriga a uma recapitulação impossível...
O contador de histórias: há uma estranha prece no cair da chuva que se afoga indeterminada na imensidão cinzenta de um céu tempestuoso e quase se deixa levar pelo sopro do vento em sua jornada. Cai sobre uma árvore solitária em planícies rochosas sob a noite que se desfaz na madrugada. O vento sopra o que não se pode ver; a lua se faz em neblina, um sino inexistente toca em rugir de trovão e tudo se faz em silêncio.
Ser descontínuo: O silêncio precede a mudança.
O contador de histórias: Pausa no pulso da Terra, momento no qual se ouve o respirar do universo".

Dramático não acham? Tem um valor lírico interessante, sim, de fato. Só não sei se há qualquer outro valor que possa lhe ser impresso para qualquer outro ser que o leia. Uma dúvida, respondam...
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