Apenas Pó

... Então adentrou a biblioteca. Caminhou entre os livros sem deixar que sua visão se detivesse nem por um ínfimo segundo sobre qualquer deles que fosse. Arrastou-se para uma pequena mesa e ascendeu a lanterna e por um momento observou a chama que inflamava o óleo ardente no qual sua imagem não se fizera refletir. Desejou ser um deles, um daqueles tomos empoeirados, perder-se no pó que sufocava os seres viventes que jamais ousaram confrontarem-se com aqueles vapores ardentes que dançavam coléricos e galgavam sua existência sulfurosa naqueles ares irritantes e perdidos em si mesmo, parados no tempo frio, temerosos pela chuva que ameaçava arrancar as janelas a tanto fechadas.
... Era alguém difícil, mas o único que conhecia cada chave daquele imenso molho que carregava em sua cintura... Ainda posso ouví-las em um som de imensos carrilhões que nunca cessaram.
Aquele velho demônio! Ainda sinto saudades...
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