Não há o discurso holístico

Encontrava-me pensando sobre um conflito que acompanha a linguagem (é bem mais saudável que misturar matemática e filosofia), é algo realmente básico e não há de ser nenhuma novidade, mas não deixa de ser surpreendente. Não há relação entre o significante e o significado! Aí está uma das cousas impressionantes dessa espécie, mesmo que não se tenha atingido esse estado sem passar antes por hieróglifos e palavras ideograma. É um grau de abstração bem rasoável com o qual todos convivem sem ao menos saberem disso e pensar assim leva a uma indagação já de imediato: por que diabos as pessoas procuram um sentido em quem diz? Não há significado na forma da palavra em si e isso é análogo ao fato de não haver uma carga satisfatória de sentido em quem profere o discurso. Essa carga de sentido só há de ser satisfatória para o próprio quem proferiu, sendo que o principal responsável por compor sentido é, e não há como não ser, aquele quem ouve e digere o discurso. Se houver alguém que duvidar de que o significante não possui sentido estrito com o significado, apanhe um texto em aramaico e se conseguir traduzir me avisa, tudo bem? Aí está o ponto da questão, pode-se dizer muito (muito mesmo na opinião de quem diz) sem que isso signifique nada para quem ouve, há, pois, aí a ruptura paradoxal da linguagem, o meio que comunica sem se comunicar. Embora isso impressione, não é o ponto da discussão de maior funcionalidade, seu aspecto antípoda é o realmente importante, dizer muito valendo-se de pouco. Essa talvez seja a base para a poesia moderna, alicerce no qual se fundamenta a linguagem multifacetada.

Vocês se perguntam: "e nós com isso?"
E eu respondo: "e eu com isso?"
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